O ato de ensinar Geografia nos coloca diante de duas importantes discussões: a primeira refere-se à relação ensino e aprendizagem enquanto tal, e a segunda diz respeito à própria Geografia, fonte e objeto de uma gama muito particular de discussões, principalmente no que se refere a seus pressupostos teórico-metodológicos. A origem da geografia remonta à Antigüidade clássica. Este saber nasce entre os gregos que são os primeiros a registrar de forma sistemática os conhecimentos ligados a esse ramo do conhecimento humano. Segundo Pereira (1999), a Geografia moderna teve sua gênese na Alemanha (com Humboldt e Hitter) e seu amadurecimento somente ocorreu no século XIX, devido às modificações dos modos de produção, da evolução das técnicas cartográficas e do próprio desenvolvimento das ciências em geral. No período da inserção da Geografia nos currículos escolares (século XIX) e até o surgimento da chamada Geografia Crítica (final do século XX), esta disciplina somente analisava as características físicas do espaço, sem considerar o fato deste espaço ser dominado pelo homem, que assim o fazendo, estava exercendo cidadania. No início do século XX, percebe-se uma evolução na definição da ciência geográfica, mas precisamente, a partir de 1970, com o movimento de renovação desta ciência. No Ensino de Geografia deve-se considerar a realidade no seu conjunto: o espaço é dinâmico e sofre alterações em função da ação do homem, e este é um sujeito que faz parte do processo histórico. Portanto, o aluno deve ser orientado no sentido de perceber-se como elemento ativo do seu processo histórico. Uma vez que os temas da Geografia acompanham e fazem parte do cotidiano das pessoas, inscrevendo-se nas suas condições de existência, tal fato parece justificar sua popularidade. Não precisamos freqüentar a escola para comungar com a Geografia. Nós a percebemos e a aprendemos por força do nosso próprio cotidiano (MOREIRA, 2002). A nossa ação, enquanto educadores, está relacionada com os nossos objetivos pedagógicos e educacionais. Se quisermos uma educação que contribua para o desenvolvimento da criança, devemos atuar no processo de ensino e aprendizagem, na perspectiva da construção do conhecimento, refletindo sobre a realidade vivida pelo aluno, respeitando e considerando a sua história de vida e contribuindo para que o aluno entenda seu papel na sociedade: o de cidadão. Esta reflexão aponta-nos na direção da articulação entre conteúdo específico e o processo de ensino e aprendizagem, isto é, a concepção que temos de Geografia deve estar relacionada com a concepção de Educação. Para Freire (2004, p.57), O educador que, ensinando geografia, “castra” a curiosidade do educando em nome da eficácia da memorização mecânica do ensino dos conteúdos, tolhe a liberdade do educando, a sua capacidade de aventurar-se. Não forma, domestica. Podemos pensar que a contribuição da Geografia para a formação do aluno está na compreensão que ele terá da realidade. Ao estudar o espaço geográfico, enquanto espaço (re)construído, o aluno refletirá sobre a análise da dinâmica social, a dinâmica da natureza e a relação que existe entre os seres humanos e a natureza. A compreensão da realidade está vinculada à forma como a aprendizagem está acontecendo. Assim o aluno analisará a interferência humana no espaço como algo fruto do trabalho na organização espacial através do tempo. E assim, posicionará de forma crítica diante dos acontecimentos ocorridos na paisagem. A discussão sobre o ensino de Geografia passa pela avaliação do conteúdo e pela construção de conceitos e noções a partir do espaço de vivência da criança, pois é desde o momento em que nascemos que construímos a noção de espaço. Jean Piaget (1993) averiguou a formação das noções espaciais e temporais, das noções de número, de longitude, de quantidades físicas, praticamente de quase todas as categorias cognoscitivas, desde as mais simples até as mais Bibliografia: ALMEIDA, Rosângela Doin de. A propósito da questão teórico-metodológica sobre o ensino de Geografia. In: Prática de ensino em Geografia. São Paulo: AGB/Editora Marco Zero, vol. 8, 1991. ________________________ e PASSINI, E. Y. Espaço geográfico: ensino e representação. São Paulo: Contexto, 1998. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Geografia - 5ª a 8ª séries. Brasília: MEC/SEF, 1998. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: História e Geografia (1ª a 4ª série). Vol. 05. Brasília: MEC/SEF, 1997. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Nº 9.394 de 20/12/1996). Brasília: MEC/SEF, 1996. FERNANDES, Manoel. Aula de Geografia e algumas crônicas. Campina Grande: Bagagem, 2003. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários á prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2004. (Coleção Leitura) MORAES, Antonio Carlos Robert de. Geografia: Pequena História Crítica. São Paulo: Hucitec, 1998. MOREIRA, Ruy. O que é Geografia? São Paulo: Brasiliense, 2002. (Coleção Primeiros Passos). PEREIRA, R. M. F. A. Da Geografia que se ensina à gênese da Geografia moderna. 3 ed. Florianópolis: UFSC, 1999. PIAGET, J.; INHELDER, B. A representação do espaço na criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 2 ed. São Paulo: Hucitec, 1996. |
muito interessante alessandra seu trabalho está otimo continue assim
ResponderExcluirDentro da Geografia muitos conceitos, entendidos também como categorias de análise, são importantes para seus estudos, alguns deles mais antigos e outros mais recentes, que surgem em razão da necessidade de compreensão da complexidade do mundo atual. Os principais conceitos são: espaço, região, paisagem, território, territorialidade, redes e escalas geográficas. Neste trabalho busca-se uma breve compreensão desses conceitos e a discussão de sua importância para o estudo dos conteúdos geográficos escolares.
ResponderExcluirIsso está me ajudando nos meus estudos para nossas provas,obrigado e continue..!
ResponderExcluirRealmente a Geografia ela nos colocar diante de uma discursão dos problemas e acontecimento no espaço vivido pelo o homem...
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